domingo, janeiro 08, 2006

House


Todos os dias me lembro de carimbar o regresso. Há quanto tempo. Meras frases sem nexo que rodopiam por dentro e abrem um trilho em direcção ao retorno. Uma voz sem dono. Uma voz cavernosa e sem ordem, sem ninguém que a governe. Todos os dias a pensar no próximo retoque. Depois, este sítio árido onde, às vezes, as palavras se resguardam.
Presumo que já ninguém visite este sítio, largado ao futuro e à eternidade gélida do espaço virtual. Portanto, ouço o eco das teclas, ouço o tremelicar da música dos Sigur Rós, ouço o esfregar das mãos, o estalar dos dedos, o recomeço, a turbina interior a acender-se de imagens, vejo cores, vejo diálogos como imagens, pinturas expostas ao ar frio da indiferença. Esta teima na ausência. O capricho de ignorar esta necessidade de desordem, de desarrumar as ideias e de as voltar e entrelaçar, em busca de outros horizontes, outras viagens. Outras descobertas.

House M.D., na Fox, às terças-feiras à noite. Depois de Six feet under, Once and again e The X-files, esta é uma das séries melhor escritas e melhor interpretadas que me lembro de ter visto. Destaque gigantesco para a representação do actor Hugh Laurie, o médico controverso e genial lá do sítio. Estado de puro esplendor.